A pequena cidade de Matriz de Camargibe, distante 78 quilômetros de Maceió, guarda uma das três maiores e mais importantes bandas de Alagoas: a Filarmônica Bom Jesus.

Há duas décadas sob o comando do exigente José Rubens dos Santos, a banda sempre esteve no pódio dos campeonatos estaduais e nacionais que participou. As vitórias resultam de uma fórmula simples e infalível. A junção do talento com o investimento de várias partes da sociedade.

Para manter a tradição musical iniciada na metade do século 19, unem forças a prefeitura municipal, Usina Camaragibe e a Igreja Católica. Foram os padres da Ordem Salesiana que em 1952 reorganizaram a filarmônica, construíram a sede e na década de 80 mandaram buscar, em Marechal Deodoro, o regente José Rubens, experiente músico e ex-maestro da Filarmônica Santa Cecília.

Comparando com a situação da maioria das sociedades musicais do estado, é possível afirmar que a Bom Jesus é a que tem a melhor casa, mas está longe de atender a procura dos pais em busca de vaga para encaminhar os filhos na vida musical.

O grande salão, que serve para os ensaios e as aulas de teoria, não cabe mais ninguém. São 64 músicos da banda e 170 alunos, além dos integrantes da orquestra de flauta doce e o grupo de pastoril.

“Infelizmente não sabemos se iremos abrir novas vagas no próximo ano, ainda temos jovens esperando serem chamados que foram aprovados na última seleção. Não adianta encher de criança e comprometer a qualidade do ensino”, explica o maestro de pulso forte, mas muito bem-humorado.

Ele diz que, apesar de estar em melhores condições do que muitos regentes do estado, precisa de ajuda urgente para compra de novos instrumentos e a ampliação do espaço. Muitos trombones, clarinetes, sax, trompetes e tubas estão sucateados e os alunos já estão dividindo o mesmo instrumento durante as aulas.